Location of the artist

Maranhão

Bichinho

Clemilson da Paixão Pinheiro, nasceu em Viana, Maranhão. É Cazumba e faz caretas em forma de torres. Seu trabalho, quase sempre de grandes proporções, caracteriza-se pela ousadia das formas e pelo uso de ornamentação vibrante. Como não esculpe os queixos das máscaras, associa-se a outros artistas escultores, que trabalham bem a madeira, como Nico ou Nonato, por exemplo. “A careta, a feição, como se diz aí, não faço. Eu engendro de outro tipo, no papelão, no isopor”, diz. Assim que recebe os queixos esculpidos, tem início seu trabalho. “Primeiro vem a compra do ferro, depois vem o enrolamento, que é enrolar o ferro do modelo da careta. E é ruim! A mão chega a ficar vermelha, faz calo na gente de tanto entortar o ferro. Só depois leva para o ferreiro fazer a solda. (...) depois da ferragem pronta, a gente vai recortar o isopor”. Segue-se a decoração propriamente dita. Portanto, as matérias primas essenciais que utiliza em suas caretas são ferro, isopor, papelão, tecidos e os muitos adereços para o bordado, tais como linhas, miçangas, paetês, além de tintas e purpurina, entre outros. Há poucos anos incluiu em suas produções luzes coloridas. Começou a brincar ainda criança, sem atentar muito para os detalhes estéticos envolvidos. Saia de boi de lata, todo improvisado, usando peças de roupas que pudessem ajuda-lo a caracterizar o engraçado personagem Cazumba. Hoje, identifica-se com a nova geração, que gosta de brilhos, de grandiosidade, fortemente influenciado pela cultura de massa, pelo carnaval e pela televisão. O artista consegue brincar entre 1 e duas horas, pois, como disse em entrevista a Maria Mazzillo, “prá brincar direto, não tem condição” (...) Eu não brinco por promessa não, brinco por gostar. Eu sempre fui fanático mesmo, sempre fui doido pela brincadeira, gosto mesmo. Pois é, a minha careta é uma das maiores de Viana, uma das maiores não, é a maior que tem aqui, e a mais alta.” Devido ao peso, altura e dificuldades trazidas pelo o uso de torres, Moana Beuque explica: “(...) o mesmo Cazumba pode usar diferentes caretas, dependendo do objetivo que quer atingir. Se o desejo é o de se exibir nas apresentações mais curtas, ele utiliza as torres; se o intuito é brincar durante mais tempo – para realizar as atuações cômicas ou transgressoras do personagem – as menores são as mais usadas.” Atuante, Bichinho transmitiu o gosto pelo brincar à sua filha, que desde criança utiliza bata e careta, participando do Boi maranhense de Viana junto com o pai, e dando seguimento à essa tradição.

Referências

COSTA, Maria Mazzillo. Careta de Cazumba. 1. ed. Rio de Janeiro: Associação Cultural Caburé, 2005. v. 1. 160p .

VAN DE BEUQUE, Flora Moana. Entre a roda de boi e o museu: um estudo da careta do Cazumba; 2010; Dissertação (Mestrado em Programa de pós-graduação em sociologia e antropologia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009.

MUSEU DO PONTAL - Filme “Artistas Cazumbas” – parte das atividades de pesquisa do Museu Casa do Pontal, realizado ao longo de 2018. O filme documenta e registra um dos principais polos de arte popular do país, que inclui a capital São Luís e a baixada maranhense (MA).

WORKS