O município está localizado no litoral norte do estado de Pernambuco, e integra a região da Zona da Mata Pernambucana. Com uma população estimada em 75.987 habitantes, Goiana possui uma localização estratégica, a uma distância aproximada de 60 km da capital Recife e 50 km de João Pessoa, capital da Paraíba, estado com o qual faz fronteira (IBGE, CNM, 2011). Na Zona da Mata predomina o cultivo de cana-de-açúcar, principal atividade agrícola do município. O povoamento dessa região ocorreu já na primeira metade do século XVI, quando os portugueses teriam iniciado sua exploração econômica através do cultivo da cana-de-açúcar. (Alcure, 2007). A ocupação pelos portugueses da área do atual município data desse primeiro momento. Fazendo parte da Capitania de Itamaracá, Goiana teve a povoação concentrada no Vale do Rio Goiana. Apesar da resistência dos grupos indígenas que habitavam a região, o estabelecimento dos primeiros engenhos na segunda metade do século XVI impulsionou o desenvolvimento de Goiana, que recebeu essa nomenclatura já em 1568, quando foi o criado o distrito. Em 1742 foi elevado à categoria de vila e em 1840 à categoria de cidade (IBGE, 2011). Cortada por diversos rios, Goiana possui grande quantidade de barro. Dentre os oleiros da cidade, se destaca José do Carmo Souza, que nasceu em 1933. Conhecido apenas como Zé do Carmo, a partir de 1940 já fazia bonecos, garças e galinhas de barro para vender na feira. Aos nove anos de idade o prefeito da cidade lhe ofereceu um forno, reconhecendo precocemente seu talento. Morou com os pais nos fundos de uma igreja, o que lhe aproximou do imaginário católico. Sua arte transparece religiosidade através dos anjos nordestinos “com cara de gente”, que marcaram sua produção nos anos 1970, e de incursões audaciosas, como o São Pedro de dois metros de altura. Com estilo próprio, Zé do Carmo criou figuras entre 30 cm e 2m de altura, aliando sofisticação e rusticidade. Especializou-se em santos e em figuras como cavalo-marinho, pescador de caranguejo, mulher rendeira, capitão de campo e mamulengo. Seu trabalho faz parte do acervo do Museu Casa do Pontal (RJ) e do Museu da Fundação Joaquim Nabuco (PE) (Machado, 1977; Frota, 2005; Mascelani, 2006; Coimbra et allii, 2010).