Cafi, nosso amigo, grande artista, fotógrafo e parceiro da mesma paixão pela arte e cultura popular brasileiras. Tristes com sua morte, em plena praia de Ipanema, na virada do ano de 2019. Fará falta! Como disseram seus filhos Miguel, Joana e Clara: morreu por excesso de vida! O coração, amoroso demais, o levou cedo. Seguramente vai iluminar outras galáxias! Nos deixa o legado primoroso de seu talento e olhar único!

Segue um depoimento dele, dado a Angela Mascelani e Lucas Van de Beuque, para a memória dos 40 anos do Museu Casa do Pontal, completados em 2016.

“Abelardo Rodrigues, meu tio, era apaixonado por arte sacra e tinha uma coleção de arte popular. Foi ele quem me apresentou Mestre Vitalino. Eu já estava começando a trabalhar com fotografia e notei que o Vitalino era especial: um verdadeiro fotógrafo do Nordeste. Ele retratava todas as situações de uma maneira poética e descritiva: o dentista, a parteira, o consertador de luz, todo aquele universo dele. Na época eu já sabia que o imaginário brasileiro na arte popular surge com Vitalino. Lógico que tinha a arte indígena também. Lógico que tinham outros artistas. Mas para mim, a sensação é que o Vitalino acendeu uma luz! E começou a aparecer essa história toda do imaginário. Quis fazer um trabalho fotográfico com ele. Falei com outro tio, o pintor Augusto Rodrigues, que tinha feito uma matéria com o Vitalino para a Revista Cruzeiro e ele me disse: - Procura o Jacques Van de Beuque lá no Rio. Ele é um grande colecionador e pode te orientar. Assim conheci Jacques. É impressionante a mudança que se teve da percepção da cultura popular no Brasil e isso se deve também ao Jacques e, também ao Museu do Pontal. Relembrando essas histórias todas, o que vale registrar é que, em termos de coleção popular no Brasil, ele é o pioneiro. E não era só da arte do povo que ele gostava, era do povo que ele acabava gostando. Ele se misturou com essas pessoas. Assim Jacques formou um grande acervo nacional, pois não era uma coleção só de Pernambuco, nem só da Bahia, nem só do Rio de Janeiro. Era o Brasil inteiro.”