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Maracatu

Os maracatus são grupos de homens, mulheres e crianças que brincam o carnaval ricamente trajados e ao som da percussão. Percorrem dançando as ruas de algumas cidades do nordeste do Brasil e tem por peculiaridade representar uma corte onde todos os integrantes são negros: o rei, a rainha, suas damas, o embaixador, índios, baianas e vassalos. Sob a proteção de imensos guarda-sóis enfeitados com franjas, rendas e espelhos, essa corte entoa cantos e músicas próprias constituindo um espetáculo de grande beleza. Segundo o pesquisador francês Roger Bastide e outros, os maracatus foram inicialmente danças religiosas católicas, que guardam fortes elementos de origem africana, como o calunga, bonequinho divino representando a deusa do Mar e da Morte. Dançados a princípio nos pátios defronte às Igrejas em honra a Virgem Maria e a Jesus Cristo, foram obrigados a abandonar suas práticas, vistas a partir de determinada época como profanas, em virtude do gênero de catolicismo que começa a vigorar no país. Inseridos nos rituais de Xangô, passam a apresentar-se durante os festejos carnalescos. Entretanto, antes de saírem para as ruas, onde atualmente são percebidos como mais um "bloco" de carnaval, escolhem seus pais e mães-de-santo e cantam hinos de cunho religioso. Outros autores vinculam essa festa às cerimônias de coroação dos reis do Congo, eleitos pelos escravos do Brasil, realizadas em homenagem a N.Sra. do Rosário dos homens pretos. Guerra-Peixe, na obra Maracatus do Recife (1980), esclarece que a instituição Reis de Congo, em Pernambuco, ocorria no século XVIII, não desmerecendo a hipótese de recuar esta data ao século anterior. Para Alceu Maynard, a presença do maracatu no carnaval se justifica, porque ele é o próprio Xangô sem elementos místicos, porém com os mesmos cantos e os mesmos instrumentos musicais. Acompanhados por orquestra de zabumba e bombos, o cortejo desfila pelas ruas do Recife (PE) tendo à frente a baliza, cuja função é abrir alas entre a multidão. Segue-se o embaixador, fazendo a função de mestre-sala e os lanternas encarregados da iluminação. Após vêm o rei e a rainha, e os demais integrantes que tomam seus lugares a partir de sua posição hierárquica. Dois bonecos representam o príncipe D. Henrique e a princesa D. Clara. Há também um cantador encarregado de louvar os santos através da entoação de cantigas populares tradicionais, as loas . Vassalos seguram o pálio que cobre o rei e a rainha. Dançando como nas cerimônias de candomblé, seguem a condessa, os caboclos e as baianas. Do cortejo participam também animais, como o leão, o elefante, o galo e o jacaré. Denominados de maracatu rural, maracatu-de-orquestra, maracatu-de-baque-solto ou caboclinhos, são considerados um dos mais belos folguedos do carnaval recifense e alagoano. Atualmente, grupos jovens recuperam a tradicão dessa brincadeira na cidade do Rio de Janeiro e em várias partes do Brasil.

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