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Trabalho
Em sua maioria, os artistas populares começam cedo o aprendizdo profissional auxiliando os pais nos serviços de olaria ou marcenaria. Os primeiros, colaborando na feitura de louças, panelas e vasos; os últimos, na construção de casas ou confecção e conserto de móveis, portas e outros materiais necessários à lida cotidiana na roça, nas fazendas e nas cidades onde a herança da arquitetura colonial ainda se faz presente. As meninas tanto auxiliam nos afazeres domésticos como na roça, onde cultivam alimentos que serão consumidos pela própria família. Também iniciam-se ainda crianças na modelagem. Só para uns poucos a arte popular torna-se, um dia, atividade única. A maior parte atravessará a vida inteira dividindo-se em múltiplas ocupações. Por isso o trabalho é fundamental e fartamente representado nas obras, com homens, mulheres e crianças sendo flagrados em inúmeras funções: carregando água, caçando, fabricando farinha, cuidando da casa e da família. Há empregados de serrarias, oficinas de conserto de eletrodomésticos, agricultores, escritoras, rendeiras, costureiras, padeiros, palhaços, policiais, bailarinas de circo, mágicos e lavradores no mutirão.No período em que a arte popular brasileira ganha impulso, entre fins de 1940 e 1970, o estilo de vida urbano vai se impondo em todo o país, criando novas realidades. Talvez por isso, nota-se um duplo interesse, próprio dos períodos de mudanças, pelas referências nostálgicas ao modo de vida rural e, simultaneamente, pelas novidades trazidas pela industrialização e o estilo de vida citadino. Surgem as cenas que tematizam as profissões de praça pública: vendedores de jornais ou de comidas regionais, sorveteiros, engraxates, varredores de rua, paneleiros, etc. Ainda hoje, nas pequenas cidades, é nas praças que acontecem os principais fatos da vida social. Típicas no Brasil, país quente onde as ruas são usadas de maneira intensa pela população, possibilitaram o aparecimento desse gênero de profissional que também prolifera nas grandes metrópoles.Com o fortalecimento da atividade industrial, a pulverização do trabalho em especialidades, a intensa migração do campo para as cidades, multiplicam-se os chamados profissonais liberais, que passam a ser tema comum nessa arte - figuras que representam médicos, dentistas, veterinários, professores, etc. Além disso, cresce também o interesse pela crítica social com a representação dos profissionais que proliferam à margem da lei, incluindo de ladrões de galinha a advogados inescrupulosos.Como uma arte viva, que continua a ser feita contemporaneamente, a arte popular aborda temas que podem estimular discussões acerca das principais questões da atualidade: a relação do homem com o trabalho e o emprego; as soluções econômicas alternativas encontradas pelos membros das camadas menos favorecidadas da população; as relações de gênero, o papel social da mulher na sociedade tradicional e nas comunidades urbanas; a questão populacional; a ocupação do espaço urbano; a ética na vida social; as relações com o sagrado, a lei e a justiça. Prestar atenção nessa obras permite, portanto, apreender o ponto de vista e a prática dos grupos historicamente marginalizados, o que possibilita novas e revigorantes leituras da realidade atual do Brasil.
Angela Mascelani