Localizado na região do Agreste Pernambucano, o município está na área de abrangência do semiárido brasileiro. Distante cerca de 300 km da capital, Águas Belas possui uma população estimada em 40.511 habitantes. O acesso ao município é feito pela BR-423 (IBGE, CNM, 2011). A região atual de Águas Belas foi habitada inicialmente por grupos indígenas. Data do início do século XVIII a primeira tentativa de catequização dos nativos. Juntamente com a primeira paróquia, foi criado o distrito em 1766. O topônimo, adotado desde então, foi cunhado por um Ouvidor que encontrou água limpa e potável em uma região considerada de seca (IBGE, 2011). Destaca-se na área de Águas Belas o antigo domínio dos índios Fulni-ô, do qual se tem notícia desde o século XVIII. Com uma população atual de aproximadamente 3.300 índios, os Fulni-ô ocupam uma área dividida em 427 lotes individuais, com uma área total de 11.505 ha. (UFPE). Nhô Caboclo, como ficou conhecido Manuel Fontoura, nasceu na aldeia dos Fulni-ô. Nunca se soube ao certo seu ano de nascimento, mas data da primeira década do século XX. Mestiço, fazia mistério sobre suas origens e não se considerava índio, mas “caboclinho”, como relatou a Coimbra et allii (2010). Criado no campo, numa fazenda em Garanhauns (PE), desde criança Nhô Caboclo fazia objetos provenientes do barro e de materiais comuns na região, como barba-de-bode e mandioca linheira. Já adulto, mudou-se para a capital, Recife, onde iniciou sua vida artística trabalhando o barro. No entanto, a maior parte de sua produção foi à base de madeira e folha de flandres (Frota, 2005; Mascelani, 2006). Para a execução de seu trabalho, o instrumental fazia parte de sua produção própria, sendo quase todo constituído pelo artista. Em suas obras, Nhô Caboclo demonstrava preocupação com as “estruturas da ordem e da desordem, da sujeição do homem, da sua violência e da sua valentia” (Frota, 2005: 325). Explorou os temas marítimos e inventou novas linhas temáticas, onde se destacaram os rachos e torés. Destaca-se também o intenso uso do vermelho e do preto e de penas de aves em suas obras. Seus trabalhos figuram no acervo de vários museus brasileiros e de importantes coleções particulares. O artista, de personalidade marcante, faleceu em 1976 (Frota, 2005; Mascelani, 2006).